Suicídio ao final da vida

21/09/2021

Por Julissa Reynoso Díaz , Psicóloga especializada em aconselhamento bíblico familiar no México

Pode ter sido seu avô, pode ter sido seu pai, ou uma tia, ou um irmão. A pessoa decidiu ir embora para sempre, e você não pode fazer mais nada por ela. Quantas vezes você já havia conversado, em algum evento em família, e tudo parecia tão normal. Talvez se sentisse só, ou triste; talvez estivesse doente e não quisesse mais sofrer; talvez tivesse problemas financeiros muito sérios; podem ter lhe dado más notícias, tão ruins que ele não resistiu… sim, parecia tão normal.

É inevitável se perguntar se você poderia ter feito alguma coisa. Talvez, se tivesse conversado com ele quando ele te cumprimentou com um olhar ansioso, ou se você jogado xadrez aquele dia em que o tabuleiro estava pronto, esperando por alguém que não veio. Se você o tivesse convidado para um café ou para caminhar até o parque. Agora não há nada que se possa fazer, e não há como não sentir-se mal, quase culpado em meio à sua perplexidade.

Algo que pouca gente sabe é que, ao contrário dos jovens, os idosos apresentam um maior número de fatores que os leva ao suicídio. Eles dão menos sinais de suas intenções. As tentativas de automutilação são raras, mas seus métodos são mais letais e eles tendem a premeditar cuidadosamente seus atos. Às vezes, eles apenas decidem se deixar morrer (suicídio passivo).

O comportamento suicida pode ser entendido como o próprio ato de acabar com a vida, ou de atentar contra ela sem realmente querer atingir esse objetivo. Nas entrelinhas está o desejo de chamar a atenção e mudar a situação. Isso é conhecido como parassuicídio.

Em geral, presume-se que a depressão e a solidão são o que leva uma pessoa idosa a se matar. O que é desconcertante é que pessoas de outras idades sabem que um idoso precisa ser ouvido, que se sente só e triste, que pode estar doente e afastado dos parentes.

Na lista de fatores que levam a uma decisão tão radical e fatal como o suicídio estão: doenças físicas, degenerativas, incapacitantes, terminais e dolorosas, perda de entes queridos, falta de estabilidade financeira ou de trabalho, vícios insuperáveis, doenças mentais como bipolaridade, esquizofrenia, Parkinson, sensação de tédio, desolação e sentimentos de culpa. Mas, depressão e solidão são as principais causas.

Subestimar o estado emocional do idoso, porque parece algo comum devido à sua idade, é um sinal de que a nossa percepção com relação às pessoas que nos cercam está endurecida e não estamos cuidando daqueles com quem sempre convivemos. É como se uma chuva forte estivesse caindo em nosso bairro e estivéssemos olhando pela janela observando os estragos sem nos preocuparmos com isso. É preciso despertar a nossa sensibilidade e prestar mais atenção ao nosso ambiente familiar.

O que fazer? Como diz o apóstolo Paulo, na Bíblia: “Que tudo o que vocês fizerem seja feito com amor” (1Co 16.14).

Sejamos jardineiros da vida. Cultivemos e mostremos o amor fraterno à nossa volta, não só com os nossos entes queridos, mas com aqueles que estão ao nosso alcance. Isso nos revigora plenamente, porque beneficia quem recebe e quem dá. O melhor de tudo é que quando se desperta a sensibilidade do coração humano para o amor, o ser humano ganha sentido, a vida ganha sentido, especialmente para quem já viveu a maior parte dela.

Conheça nosso conteúdo sobre: “Perdi alguém por causa do suicídio – o que faço?”

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