Suicídio e a família – Como amparar os que ficam?

08/09/2020

Por: Daniela von Mühlen – Psicóloga e psicoterapeuta de casal, familiar e individual – Brasil.

Pessoas de todas as idades e classes sociais cometem suicídio. A cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo, totalizando quase um milhão de pessoas todos os anos. Estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas tentam o suicídio a cada ano. Cada vez que alguém comete suicídio, de seis a dez outras pessoas são diretamente impactadas, sofrendo sérias consequências difíceis de serem reparadas.

Estes e outros dados são facilmente encontrados na internet e em materiais relacionados à saúde e à prevenção ao suicídio. Mas, e quando prevenir não é mais possível? Quando a família já é vítima de uma morte por suicídio? O que fazer?

Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que existam condições mínimas para oferta de ajuda voluntária ou profissional.

Escutei, um tempo atrás, o depoimento de um casal vítima do suicídio de uma filha. Eles relataram o quão difícil era ouvir e saber estes dados sobre as possibilidades de prevenção. A culpa vinha assolar da forma mais cruel e dolorida, como se não tivessem feito o suficiente pela filha tão amada. A pergunta “como poderiam ter evitado?” era frequente e o convívio com o julgamento de familiares, amigos e conhecidos estava presente, diariamente, durante muito tempo.

Famílias relatam sobre o pouco ou quase nenhum atendimento, amparo ou tratamento após o suicídio. Precisamos pensar e agir sobre isto, não é mesmo?

Como lidar com alguém em processo de luto por suicídio? Novamente, escutar é muito mais relevante do que falar. Acolher, mas deixar doer. Este momento precisa ser vivido, os sentimentos precisam ser externados e isso acontece de formas diferentes para cada pessoa, cada um tem o próprio jeito de viver seu luto e não estamos aqui para julgar, opinar ou comparar, mas escutar e acolher.

Não julgue a morte, seus motivos e meios. Não tente minimizar a dor, nem seja indiferente. O sofrimento já está bem presente nesta família e cada pessoa tem seus recursos internos próprios para passar pela situação. Estar disponível é a melhor opção.

Prevenir é importante sim, mas cuidar e amparar os enlutados sem julgamento é um ato de amor!

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