Por Porfírio Franco Cortes, da Panamá.
Ana leva os dois filhos à escola, já pensando na lista de tarefas que tem de cumprir durante o dia. O rosto carrancudo carrega as marcas de uma vida cheia de lutas diárias. No final do dia, voltando para casa com seus filhos, o pequeno Davi tenta chamar a atenção da mãe, e pergunta: “Mamãe, por que você está sempre brava?”
Estas palavras ecoaram em sua mente: “você está sempre zangada”. A mãe de Ana já tinha falado a mesma coisa. Seu ex-marido falou isso alguns anos atrás. Ana não conseguia evitar, não tinha como explicar: “estava sempre zangada”.
Mas como não ficar zangada? Ana lembrou de todos os seus sonhos de juventude! Agora, aos 29 anos, criando dois filhos com um emprego de meio período, ela pedia por socorro, carregada de rancores e ansiedades pelas quais culpava a vida.
De repente, já perto de casa, o trânsito começa a parar e ela vê pessoas socorrendo uma moradora de rua que havia sido atropelada. É uma mulher conhecida do bairro, e Ana desce para ver o que está acontecendo. Ao lado da mulher ferida está o filho dela, chorando. Ao aproximar-se ela consegue ouvir a mulher dizendo ao filho: “Não se preocupe, vou ficar bem… Vá procurar o seu pai, não ligue para o que ele fez, deixe isso pra trás e aja com bondade… Deus vai cuidar de vocês…”
Ao invés de lamentar o acidente, a mulher pediu ao filho para procurar seu pai e perdoá-lo. Por alguns instantes, Ana viu uma perspectiva de vida totalmente diferente, em que temos empatia com os outros e nos sentimos gratos não importando o quão difícil pareça nossa situação. Uma postura que nos permite ver as bênçãos que recebemos diariamente e que não reconhecemos.
Na Bíblia lemos que Estêvão foi apedrejado até a morte por pregar a fé e, mesmo em meio à dor e à agonia, ele orou: “Senhor, não condenes esta gente por causa deste pecado!” (Atos 7.54-60). Difícil acreditar, não é? Uma pessoa sendo apedrejada e pedindo a Deus para perdoar estes que o estão apedrejando!
A questão é que, quando perdoamos, nos libertamos de uma série de cargas emocionais; perdoando, compreendemos e abraçamos melhor o perdão que Deus nos dá. Ao perdoar, deixamos de nos ver como vítimas e passamos a nos ver como Deus nos vê: restaurados e cheios de vida e esperança. A própria história de Jesus está ancorada no conceito de perdão absoluto, graças ao profundo amor que Deus demonstra por nós.
Quem entende que já foi perdoado por Jesus, sente-se motivado a perdoar e fica livre para viver melhor.
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